quinta-feira, 4 de março de 2010

Suor e cerveja

Para o bem e para o mal, a cerveja apareceu no noticiário, em tempos recentes, vinculada ao mundo da saúde ou da prática esportiva. Informações vindas da Espanha dão conta de pesquisas que indicam o efeito benéfico da bebida na prevenção da osteoporose. Em contrapartida, profissionais do mundo das corridas alertam contra as maléficas consequências da combinação de álcool e esporte.

Para tentar resolver tal pendenga, ainda mais que há pelo mundo afora maratonas que se embricam com a bebericagem, consultei alguns especialistas.
Sobre o benefício para os ossos, ouvi o ortopedista Wagner Castropil, ex-judoca olímpico e veterano consertador de joelhos e ombros de atletas. Com bom humor, ele responde: "Muito a contragosto, não posso recomendar a cerveja como suplemento alimentar. Não há nenhuma evidência científica para indicar a cerveja como suplementação de silício".
Tudo bem, mas, depois de uma corridinha, aquela gelada é de lei, certo? Reidrata o organismo e ainda dá uma calibrada nos carboidratos, tão necessários à recuperação do atleta.

Nã-na-nina. A nutricionista Cynthia Antonaccio, responsável pela orientação nutricional dos alunos da academia Competition, descarta a ideia: "O álcool é diurético e favorece a eliminação de líquidos. Em um organismo que acabou de eliminar muito líquido pelo suor e que, portanto, precisa de reposição, bebidas alcoólicas não são recomendadas".

Há ainda outro problema: o álcool "utiliza" glicose para ser metabolizado. "Com isso, ele desvia o caminho natural do tal carboidrato que deveria ser utilizado como reposição muscular."

Algum efeito benéfico deve ter. Não se fala dos benefícios do vinho para o coração?

Pois o cardiologista Nabil Ghorayeb recomenda: "Dois copos de suco de uva têm os mesmos efeitos benéficos".

O problema, alerta ele, é que, por conta dos benefícios, as pessoas aumentaram o consumo diário de vinho. "Isso está produzindo um aumento de 32% de alcoolismo entre cardiopatas."

Para completar, a psicóloga do esporte Carla Di Pierro diz: "A cerveja funciona como um estímulo relaxante e desacelerador para o cérebro. Diminui a censura, o raciocínio, a coordenação. Portanto, pode ser prejudicial se o objetivo for a performance". Mas há aspectos positivos: "Temos visto iniciativas (Drink and Run) cujo objetivo parece ser relaxamento, descontração e diversão".

Ou seja, corra para se divertir, beba para descontrair. Misturar as duas coisas nem sempre dá certo -mas pode dar. Com cautela, moderação e caldo de galinha.
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RODOLFO LUCENA , 53, é editor de Informática da Folha, ultramaratonista e autor de "Maratonando: Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (ed. Record) e de "+Corrida" (Publifolha)

Um comentário:

jailson f. barreto disse...

Comecarei hoje mesmo com essa dieta da cerveja, e talvez um vinhozinho também aumente a minha performance. acho que era isso que estava faltando nos meus treinos. Só pra descontrair, eu não bebo. mas falando sério, essas pesquisas são sempre tendenciosas. Os cientistas sempre procuram coisas que lhes interessa. Veja o exemplo do café que ora é remédio pra muitas doenças ora descobrem que é veneno.