quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dica de site


Site em que você pode criar e compartilhar o seu álbum de medalhas conquistadas nas corridas de rua

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Depoimento - Maratona de Nova Iorque



Eu costumo levar muito a sério minhas resoluções de ano novo. Acontece que, este ano, meus planos para 2010 incluíam uma maratona e o desejo de ter a companhia de Ivan para fazê-la. Assim, anunciei minha intenção e fiz o convite a ele. Ele fez aquela cara pouco receptiva e argumentou que “não faço planos de correr uma maratona agora, não posso me ausentar do comando do Hospital, voltamos há pouco de Nova Iorque...”. Como se ele não me conhecesse e não soubesse que quando eu coloco uma coisa na cabeça, dificilmente retrocedo e menos ainda desisto da idéia. Ameacei ir sozinha e ele decidiu por ir também, depois que teve certeza que eu falava muito sério.
Como eu tenho uma história de amor roxo com Nova Iorque, o lugar de partida para o grande desafio e sonho de qualquer corredor, já estava definido, já que a Big Apple reúne enorme número de corredores, grande torcida nas ruas e uma organização impecável, sem falar que o lugar na minha opinião é o centro do universo, a capital do planeta.

Dediquei-me a estudar o percurso, ler tudo que achei sobre o assunto, principalmente do site oficial da maratona, e a conversar com outros corredores sobre planilhas e a sugestão de um técnico. Como corremos desde 2001, e fazíamos uma trilha de barro em Pium, aos sábados, com outros corredores, o Rodrigo recomendou-nos o Batista da Equipe Desafio; disse que ele tinha formação em Ed. Física, que era ex-militar e que poderíamos, inclusive encontrá-los em outro sábado, já que ele treinava naquela mesma trilha.

Ainda em Janeiro, conhecemos o Batista, que além de excelente técnico, é um atleta/corredor de ponta, tendo ganhado a Volta da Pampulha na categoria dele no ano passado. Quando eu o vi pela 1ª vez, eu corria na direção contrária dele e nesta oportunidade ele já deu uma avaliada rápida e disse que tenho biotipo de corredora. Ele perguntou se queríamos começar de imediato, mas decidimos aproveitar o resto do veraneio na companhia de nossos filhos e começar apenas dia primeiro de fevereiro, achando que 9 meses seriam suficientes para estarmos prontos.

Na data combinada, fomos à Pista de Atletismo do Campus Universitário e iniciamos nosso treinamento com um teste de 2400 metros. Fizemos também check-up completo e o teste Ergoespirométrico com Dr. Felipe Guerra e, com isso, o Batista teve elementos para fazer uma planilha personalizada, de acordo com a nossa realidade. Além disso, fui à Dra. Fátima Nunes, nutricionista esportiva e comprei um relógio com GPS para registrar meus treinos e ritmar melhor minha corrida.

Até este ponto, já havia feito muitas corridas de rua de 5 e 10 kms, uma meia-maratona com o “vergonhoso” tempo de 2 horas e 33 minutos e um longão de 25 kms, despreocupada com o tempo final. Aliás, velocidade nunca foi o meu forte, sempre preferi distância à velocidade, talvez porque, até o momento, corrida era hobby, lazer, esporte pelo qual eu e Ivan dividimos a mesma paixão, mas que pelo fato de não sermos muito competitivos, não dávamos importância à técnica, postura corporal, alimentação adequada, suplementos alimentares, hidratação, descanso, treino de tiros....mas uma maratona iria exigir da gente muito mais.

Ficou bem claro para nós, logo no início dos treinos, que maratona não admite improvisos, falta de dedicação e menos ainda, dúvidas da própria capacidade. Por isso, nosso treino foi dividido da seguinte forma:

· 3as e 5as – trote, alongamento, exercícios de coordenação motora e postura e tiros
· 2as, 4as e 6as – corrida de cerca de 1 hora na rua e musculação em pelo menos 2 destes 3 dias.
· Sábado – longões na Rota do Sol ou na trilha de barro de Pium
· Domingo – descanso, com a opção de fazermos hidroginática

Descobrimos que pouca coisa ou quase nada sabíamos de corrida, a começar pela postura inadequada que prejudicava a biomecânica da corrida. Mas, atentos, procurávamos ouvir os mais experientes e, principalmente, o Batista, mesmo sem entender ou concordar com sua orientações algumas vezes. Pareceu-nos esquisito, na época, fazer um longão de 21 kms e depois voltar a fazer um de 16. Por que? “Escute o Batista”, repetia o Béco, confiante na experiência dele. Aos poucos, percebíamos o quanto ele tinha razão.

Paralelamente aos treinos, cuidava dos preparativos da nossa viagem. Como a maratona de NY é concorridíssima, eles lançaram uma loteria: você paga US$ 11,00 para concorrer à vaga. Caso não seja sorteado, mais duas opções: trabalhar junto a uma instituição beneficente arrecadando dinheiro ou comprar sua inscrição junto a uma das duas agências oficiais no Brasil: KAMEL ou CHAMONIX. Como nós e mais 210 mil pessoas não foram sorteados, comecei a contactar as duas e optamos pela KAMEL. A viagem tornou-se bem mais cara, mas valeu cada centavo investido. Quando definimos a data que ficaríamos em NY, decidimos que queríamos chegar com uma semana de antecedência para nos adaptarmos ao frio intenso e curtimos o Halloween. Uma coisa que muito lamentamos foi que dois dias depois da maratona seria o aniversário de nossa filha e ela não poderia ir conosco, já que estaria em plena semana de prova. Para nós, foi muito importante a paciência e compreensão de nossos filhos quando das nossas ausências. Deixar de compartilhar da presença deles foi o maior dos sacrifícios.

Com cansaço constante, tivemos de fazer algumas alterações em nosso dia-a-dia: aquela batata frita eventual, nunca mais; passamos a dormir pontualmente às 21:30 e reduzimos nossa vida social a quase zero. Exagero? Isso ajudou e muito porque os treinos foram, gradativamente, exigindo cada vez mais da gente. Na nossa casa não podia faltar gelo para aplicar nos machucados, fiz algumas seções de fisioterapia também. E estava determinada e segura que precisava “torturar” mente e corpo em treinos extenuantes para que as dificuldades na hora da maratona fossem diminuídas.

Eu poderia listar aqui milhões de motivos, entre eles: Por que não correr uma maratona? Eu queria saber o tamanho de minha determinação e coragem para atingir meu objetivo, saber se eram maiores e mais fortes do que os temidos "muros" e "ursos" do km 30, dar o exemplo de persistência aos meus filhos, ir mais longe, saber a sensação de correr com 45 mil pessoas, de cruzar a linha de chegada, pendurar a medalha no pescoço e ter certeza que fiz tudo para merecê-la.

Foi de enorme ajuda fazermos parte de uma equipe de assessoria esportiva, ainda mais de uma como a Desafio, cujos integrantes torcem e muito pelos progressos um do outro. O Camilo sempre se oferece para dar o último tiro me acompanhando porque sabe do meu cansaço e quer estimular-me: "Perna e braço, Vanvan!" Lembro de quando fiz 10 kms em menos de uma hora pela primeira vez, o Batista disse-me para eu ir com tudo, despreocupada de quebrar e não deu outra: 58 minutos e 27 segundos. Mas, cuidadoso como ele é, esta recomendação levou muitos meses para ser dada, somente quando ele confiou que eu, sem me machucar, manteria o ritmo e conseguiria.

Na meia-maratona de Natal, fiz 2 horas e 11 minutos, num percurso difícil, cheio de ladeiras, sem quase torcida nas ruas e num dia muito quente, condições que cobram muito de um corredor.

Ivan, na metade de nosso treinamento, lesionou-se; foi um enorme susto porque tememos que ele ficasse impossibilitado de continuar treinando e isso alterasse nossos planos. Com a redução da intensidade dos treinos, fisioterapia e muito gelo, ele melhorou e retomou rapidamente à pista de atletismo. Diagnóstico? Falta de musculação, prática a qual eu me dedicava com afinco.

Lendo muito e conversando com gente que já fez a prova, conclui que o percurso com altimetria duríssima é inadequado para estreantes em maratona, muita ousadia para quem nunca tinha corrido mais do que 32 kms, longão que fizemos de Barra de Tabatinga ao pé da Ladeira do Sol, com o apoio de Batista, abastecendo-nos com gel, água de côco, água e gatorade. Mas, nada fácil tem graça.

O tempo passava, os treinos aumentavam, as unhas roxas caíam, bolhas e calos se multiplicavam e nós cada vez mais determinados e confiantes, mas sem subestimar a grandeza e as dificuldades de uma maratona. Um dia, depois de fazer apenas 18 km, mas durante persistente chuvinha fina, cheguei em casa, tomei meu banho, alimentei-me e chorei, tal qual uma criança. Ivan ficou preocupado, sem entender o que eu sentia. Fisicamente, uns dedinhos e unhas meio amassados do atrito da meia e tênis molhados, mas emocionalmente, grande mal estar e esgotamento mental por insistir a treinar com tamanho incômodo. Precisava chorar e olha que sou das mais duronas. Outra coisa que sentia com frequência após longões era muito frio por causa de enorme perda calórica em curto espaço de tempo, sendo do clube das magrinhas, isso quase sempre se repetia.

Batista, você acha que tenho condições de terminar uma maratona? Isso foi perguntado várias vezes e, no início ele, cautelosamente, só repetia “vamos ver!”. Um dia ele disse que tinha certeza que eu terminaria e eu lembro de que pensei que o meu desejo era enorme, que isso faria até mesmo eu me arrastar, se precisasse, até a linha de chegada.

"Bruninho, o que você acha de ter um pai e mãe maratonistas?" Meu filho, sabiamente e com a ironia peculiar de um adolescente respondeu: “Psiu, você ainda não correu!”. E ele tinha razão, imprevistos acontecem e durante uma maratona, muita coisa pode surgir para nos retardar ou ameaçar a conclusão da prova. Aliás, o grande barato de correr uma maratona pela 1ª vez é não saber se você consegue, a excitação da dúvida, saber que precisa empenhar-se muito para compensar a inexperiência.

Segundo recomendações da Agência Kamel, chegamos ao aeroporto de Natal para embarcar uma hora antes, levando nossa roupa da Maratona na bagagem de mão, para evitar extravio e os tênis da maratona em nossos pés. Assim que entreguei o “voucher”, a moça da GOL avisou-me que nosso vôo sairia em 3 minutos, que o horário de embarque era o de Brasília, que tem horário de verão. Eu falei que o horário estava diferente por causa de erro deles, exigi que eles segurassem o avião e corri para chamar o Ivan, que estava estacionando o carro. Começamos a correr bem antes do que imaginávamos no lotado aeroporto de Natal, acompanhados pela moça da Companhia, com meu nada discreto cabelo vermelho-hemorragia que fiz em homenagem à maratona. Fomos os últimos a embarcar, se tivéssemos perdido aquele vôo, perderíamos também a conexão em S. Paulo para NY e a Parada de Halloween, que eu tanto queria ver. Começar logo assim uma viagem tão sonhada e programada com tanta antecedência com requintes que beiram o transtorno obsessivo compulsivo?

Uma semana antes da maratona, eu e o Ivan praticamente não falamos de outro assunto, ainda mais com a cidade cheia de cartazes de boas-vindas e com lojas e restaurantes com promoções para os pretensos maratonistas. Em toda esquina, deparávamos com corredores do mundo inteiro treinando, ainda mais no Central Park, onde também fizemos 3 treinos.

A organização e estrutura da corrida são impecáveis, irretocáveis. Eles param a cidade em função da maratona, isolam o trânsito, motivam muito os corredores e à população para ir para as ruas torcer, têm um site com informações super detalhadas, comunicam-se sempre com a gente através de e-mails para estarmos a par de tudo. A EXPO é perfeita, dura 3 dias e tem stands enormes de todas as marcas esportivas, lançamento de livros sobre corrida com palestras dos autores, e patrocinadores distribuindo brindes que fica difícil da gente carregar se for pegar tudo. A loja Paragon oferece ônibus gratuito da Expo para a loja, onde somos brindados com um almoço bem americano: pizza, cachorro quente, bagel, maçã e banana.

Na véspera, a estrutura da corrida oferece 2 programas imperdíveis: Corrida da Amizade (5 kms) e o Jantar de Massas, que é servido no Central Park, em barracas montadas ao redor do Restaurante Tavern on the Green. São duas oportunidades de confraternizar com corredores do mundo inteiro. Os tradicionais fogos de artifício encerram a noite cedo, para que todos descansem o suficiente.

É tanta coisa que nos recomendam para ajudar, que a gente fica em dúvida, diante de tantas alternativas. Hora de definições, já que nada deve ser experimentado no dia “M”: Com que roupa eu vou? Que gel tomar?...mil questionamentos para os "marinheiros de 1ª viagem". Como o site oficial da Maratona define até a marca da água, repositores e gel que seriam distribuídos, o Josivan, experiente maratonista, cedeu-nos o tal do Power Bar, em um dos últimos longões. Muita náusea e mal estar gástrico e intestinal durante o treino. Optamos, então, pelo nacionalíssimo Carb Up, de 6 em 6 kms, com o qual já estávamos acostumados. Como correr durante tanto tempo estimula em demasia o intestino, alguns tomam Imosec para inibir o estímulo, mas evitei porque nunca tinha experimentado. Levei as cápsulas de sal, mas não vi necessidade de usar. A quantidade de roupa estava adequada, o frio extremo passou depois de uns 2 kms, mas resolvi manter luvas, protetor de orelhas e manguitos porque as extremidades sempre são mais vulneráveis. As meias de compressão ajudaram muito, protegeu do frio e diminuiu a fadiga. O boné da Equipe Desafio não podia faltar e a pequena bolsa na cintura guardava os géis e a máquina fotográfica. Antes de largar, usei dois cobertores que podia aproveitar tanto para sentar, deitar em cima como para aquecer-me, já que deixamos o hotel 6 da manhã e só larguei 10:20. Ainda bem que deu para alongar, tomar café, ir ao banheiro 3 vezes, bater papo com outros corredores, tirar fotos, deixar casaco no guarda-volumes e acompanhar tudo com calma.

ARE YOU READY TO RUN? A largada é emocionante: hino nacional, tiro de canhão e Frank Sinatra cantando New York - New York. Gravei tudo. Com a excitação, todo mundo esquece de ver a linda paisagem da Baía de NY e do oceano do outro lado, na Ponte Verazzanno, a 1ª das 5 que teríamos no percurso, locais onde o vento nos joga para todos os lados.

Corremos com a elite, os melhores na categoria e com amputados, cadeirantes, deficientes visuais, idosos, gente com outras restrições, mas que na minha opinião, são os verdadeiros campeões e heróis da maratona. Em muitas camisetas lemos mensagens que nos dão idéia das motivações de cada um para estar ali, como por exemplo: "Por papai, continue lutando". Tinha também os bem-humorados, com fantasias muitas vezes até bem pesadas. Um deles levava escrito nas costas: "Meu nome é Ed, diga-me porque você está correndo uma maratona". Muitos grupos de corredores paravam para tirar fotos em lugares bonitos. Como dizia a mensagem do avião: "Respire fundo e aproveite o momento". Também havia muita gente correndo para angariar fundos para caridade. E conseguiram 1 milhão por milha: 26,2 milhões para instituições. Só voluntários, ninguém é remunerado para isso. Gestos dos quais o nosso planeta está muito carente.

A todo tempo a população nos oferecia gel, vaselina, lençinhos, balinhas, frutas... Eu apanhei uma banana e dividi-a com um corredor que estava ao meu lado; este espírito solidário impera entre corredores, mesmo que não falem a mesma língua. O carinho da torcida era enorme e ajudou-me muito. Crianças e adultos enfileirados, batiam em nossas mãos. Alguns cartazes: "Vocês estão correndo e nós estamos congelando para torcer por gente que nunca vimos", "Suas pernas estão doendo porque você está chutando traseiros (expressão americana que quer dizer que você é muito bom em algo)", "Corredores são sexy", "Abraços grátis", "Você pode", "Não desista", "A dor é provisória, desistir é definitivo", "Não pense em cervejas e sofá agora". Fiz questão de correr com a camiseta oficial da seleção brasileira de futebol e a todo momento, ouvia de gente de todos os países: "Vai, Brasil!". Isso "sacudia-me" inteira, dava uma emoção forte.

Meu objetivo era divertir-me, curtir a grande festa, mas sem perder o foco de terminar em média até 4 horas e meia, previsão que eu e Batista fazíamos, por isso, nada fotografei durante o percurso. Imagina ensaiar tudo durante 9 meses e na hora "H" improvisar, alterar o script ou deixar-me emocionar pela multidão a ponto de esquecer o "pace" (ritmo). E isso não é missão fácil porque a torcida é contagiante, tanto que meu ritmo era de 6min20segs/km e pelo menos uma vez, eu chequei o cronômetro e estava a 4:40; isso depois que sai da silenciosa Ponte Queensboro e cai na 1ª Avenida, repleta de gente e com torcida animadíssima, onde os berros misturavam-se ao som dos sinos e bandas em várias esquinas.

Como a organização da corrida distribuía água e gatorade a cada milha (1,6 km), devo ter hidratado além da conta e fiz grande parte da corrida com a bexiga cheia, evitando as filas enormes dos banheiros que ficavam também a cada milha. Outro incômodo foi o medo constante de cair. Imagine-se num "mar" de 45 mil corredores, que jogam líquidos, copos, recipiente de gel, cascas de banana e laranja e roupas pelo chão. A todo hora tínhamos que desviar de tudo e até mesmo quando diminuísse o ritmo ou mudasse a direção, isso tinha que ser feito de forma muito cuidadosa. Como a população européia e americana tem uma estatura bem mais alta que a minha (1m65cm), eles corriam com o cutuvelo raspando em meu rosto. Frio, muitas ladeiras, distância de 42 km e outros imprevistos a enfrentar. Mas guerra é guerra. Também era difícil desviar, ultrapassar alguém, devido ao grande número de pessoas. Particularidades da maior das Majors Marathons.

Apesar da forte canelite e fascite que tive durante o ano, na corrida, só senti uma discreta dor no pé esquerdo. A todo momento vi gente parando, alongando, demonstrando exaustão nas expressões, "quebrando". Todos eram encorajados pelos outros corredores. Apenas um deixou bem claro o que queria, demonstrando não querer palavras de incentivo: "Eu vim aqui para andar!".

A mente cansou-se antes das pernas. Minha capacidade cárdio- respiratória é muito boa, também fiz muita musculação e treinos adequados, bem orientados pelo Batista. O corpo aguentou bem o trampo, mas em determinado momento, tive que apelar para alguns artifícios para enfrentar emocionalmente melhor a "tortura" de passar tanto tempo correndo: repassei mentalmente as metas que eu tinha fixado para aquela corrida, relembrei meu empenho nos treinos, controlei a excitação e temores visualizando mentalmente eu concluindo e recebendo a medalha, e a todo momento mantive aquela "conversa interna" comigo, com estímulos bem positivos e encorajadores: "Eu estou preparada, confio em mim, vou conseguir, está tudo conforme planejado até agora". A lembrança do incentivo dos amigos, principalmente da Equipe Desafio e da confiança do Batista em mim, não me deixaram diminuir o ritmo. Aliás, na 1ª metade, eu tive que freiar muito para manter o ritmo que ele recomendou, com intenção de guardar energia para todo o percurso.

Dediquei esta maratona a uma pessoa muito especial para mim, colocando escrito nas minhas costas "For Bella" (por Bella); isso deu-me uma força e energia incrível, vontade de fazer bonito para que a homenagem fizesse jus à minha cunhada.

Ivan tinha largado na 1ª wave, num dos 1ºs currais, bem antes de mim e fiquei pensando no quanto ele esperaria eu concluir, estando no frio e cansadíssimo, sem falar na fome e sede insaciáveis que uma atividade extenuante como essas dá.

30º km: Não vi muro nenhum. 32º km: daquele ponto em diante, tudo seria novidade porque nunca corri mais que isso. Eu estava disposta a levar o "urso" para passear ou dar um sarrafo nele, mas ele não apareceu. Ás vezes, criamos mitos, e o nosso medo ajuda a concretizá-los. Sempre que me falavam do tal muro, que a perna travava neste ponto, eu, imediatamente pensava em buracos neste muro, em alternativas de desviá-lo. Nem um muro físico, nem emocional ía me segurar. Eu iria rastejar até a “finish line”, mas eu terminaria aquela maratona porque eu investi muito dinheiro e expectativa (priceless) neste sonho, abri mão de muitas coisas para realizá-lo. Falei para todo mundo que se eu andasse, não ía querer a medalha porque não a mereceria. Onde se viu andar numa maratona? Treinei para correr, se não conseguisse, teria outras oportunidades para tentar, mas teria que ser correndo, embora nada tenha contra quem acha que fez uma maratona decente andando em alguns trechos. Como aliado, tinha o clima frio, torcida, auto-confiança, certeza que tinha me preparado...só dependia de mim!

Nos últimos 8 kms, com a sensação nítida de que não iria "quebrar", abandonei um pouco o plano de corrida (6:20) e apertei um pouco mais o passo. Tinha uma garota com um cartaz de 4:30, e quem quisesse acabar neste tempo, teria que seguí-la; lembro que ora ela me ultrapassava, ora eu a ultrapassava. Que fôlego ela tinha!!! Gritou palavras de incentivo os 42 kms para o grupo que a acompanhava.

Sempre que passávamos por tapetes onde o chip era acionado, o pessoal fazia algazarra, levanta as mãos pq sabia que ali seriam fotografados e filmados. Que energia maravilhosa estar participando disto com tanta gente animada.

Como a corrida me empolga! Posso estar cansada, doente, aborrecida; é só calçar os tênis que me transformo. Correr deixa-me com o espírito leve, relaxada, mais viva do que nunca, com baterias recarregadas o dia inteiro, ainda mais porque nosso grupo de corrida é superdivertido e vibramos muito com o progresso um do outro. A corrida possibilita-me muitos ‘insights’, permitiu-me fazer amizades maravilhosas, mantém minha boa forma, previne doenças e por ser um esporte/lazer que pratico com meu esposo colabora para que a sintonia entre o casal só aumente. Enfim, a tal da corrida equilibra TUDO. Imagina fazer parte de uma maratona? A sensação é de ir a melhor festa do ano.

Ver as árvores do Central Park, fez-me chorar; na entrada do Parque, liguei novamente a filmadora, vibrei muito, cantei New York-New York (Gosto em especial da parte da música que diz "Se você fizer lá, você faz em qualquer lugar, depende de você"), agradeci a DEUS, agradeci quem me estimulou, e a mim mesma, por ter me dado um dos melhores presentes que ganhei.

Não consegui dormir depois de tanta excitação, fomos à boite, onde quase todos usavam a mesma medalha que a gente e dançamos muito. Durante o resto da semana, ouvimos depoimentos lindos, emocionados de muitos corredores e presenciamos a chegada de tantos pela tv. O mineiro que ficou preso numa mina chilena terminou em mais de 5 horas, uma senhora de 83 anos terminou em mais de 9 horas. Todos eles superaram seus limites pessoais, tiveram a coragem de ousar, de ir além.

Senti-me outra pessoa, depois daquelas 4 horas, 26 minutos e 52 segundos. Com certeza, quando cruzei a linha de chegada, não sentia-me mais como a mesma que tinha largado, muita coisa mudou. A sensação mais forte ao chegar era SE EU ME EMPENHAR, TUDO ESTÁ AO MEU ALCANCE. EU POSSO QUALQUER COISA. O Ivan fez em 3 horas, 45 minutos e 22 segundos. Excelentes tempos para dois estreantes e foi uma satisfação comprarmos o The New York Times e ver nossos nomes nele, privilégio apenas de quem corre em menos de 4 horas e meia. Acompanhando a tradição, usamos a medalha durante uns 3 dias e a toda hora ouvíamos: "Congratulations". Alguns até pediam para tirar uma foto conosco e de alguns ouvimos que “é um honra para nós, vocês saírem do Brasil para vir correr em Nova Iorque”. Deu-me enorme satisfação cumprir o que me propus; conquistei algo que ninguém nunca me tirará, que só dependeu de meus esforços e mérito e terei para o resto da vida, algo, que em momentos de dificuldades, me lembrará do quanto eu sou forte.

Agora é hora de pensar no próximo desafio.

E você? Vai ficar somente no "eu acho que consigo" ou vai dar início ao seu sonho "impossível". Não falo apenas de correr uma maratona, vale qualquer coisa que o desafie, que o amadureça, que lhe faça correr riscos, que você questione se está ao seu alcance, que lhe tire da zona de conforto, que atualize suas potencialidades. Mesmo que seja um sonho sem importância para os outros, incompreendido. Vá em frente, you can do it! A sensação é indescritível ao realizá-lo e lhe dará coragem suficiente para enfrentar muitas coisas em outros aspectos de sua vida.

Vanusa, corredora de rua e maratonista. vanusabarreira@hotmail.com


quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O que nos faz correr melhor

Por Rodolfo Lucena

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2610201005.htm
POSTAR-SE em frente a uma banca de jornais e revistas é como se debruçar numa janela de onde só se veem sonhos, especialmente se seu olhar estiver voltado às publicações sobre saúde, bem-estar, esportes em geral e corrida em particular.

É um tal de dieta revolucionária, barriga tanquinho, fique seco em cinco dias, coma churrasco, lambuze-se de pudim e pavê e emagreça dez quilos em uma semana sem fazer força que dá vontade de comprar todas aquelas revistas e experimentar as receitas para virar campeão de tudo e, ainda por cima, bonito...

Para um sujeito como eu, então, mais baixo do que gostaria e mais pesado do que deveria, é um mavioso canto de sereia. Mais sedutor ainda se acrescentar fórmulas para o primeiro 10 km em 40 minutos ou para a maratona em menos de três horas.

Acontece, porém, que já corro há mais de dez anos, já vivi mais de 50 anos e aprendi que nada disso dá certo. A gente só emagrece se comer menos e melhor, só fica forte se treinar mais e melhor... Ficar bonito é em outro departamento, mas tornar-se mais rápido é possível.

Não que eu seja um bom exemplo de velocidade, mas já fiz 10 km em 47 minutos e acredito que, se treinar, possa cortar mais uns quatro minutos disso aí. Mas, para mim como para qualquer um, há que treinar e manter o treinamento pela vida afora.

Se você quer ficar mais rápido, treine velocidade. Uma vez por semana, uma vez a cada 15 dias, que seja. O melhor é fazer isso sob orientação, mas posso contar alguns treinos de que gosto.

Sempre prefiro os que combinam resistência e velocidade. Na pista, gosto da chamada pirâmide: correr 400 m, depois 600, 800, mil e 1.200 m. Em seguida, repito tudo, mas invertido: 1.200, mil, 800 ..., sempre procurando manter o mesmo ritmo e dando um trotezinho de uma volta entre um esforço e outro.

Nos treinos para maratona, a coisa muda de figura. Gosto de tiros mais longos, de 3.000 m, procurando manter um ritmo um pouco mais forte do que o esperado para a maratona. Ao longo das semanas de treinamento, vou aumentando o número de tiros, indo até sete, intercalando com um quilômetro de trote.

São treinos simples, mas eficientes. Estão longe de uma janela para sonhos, como a banca de revistas. Ao contrário, são duros, concretos. Caminhos feitos de asfalto que, ao longo de semanas, meses, anos, nos ensinam novos rumos e nos abrem as portas da percepção.
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RODOLFO LUCENA , 53, é editor do caderno Tec e do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)

domingo, 7 de novembro de 2010

Manual da 1ª maratona: dicas práticas para os corredores

Por Rodrigo Cury - redação ativo.com

http://ativo.uol.com.br/Esportes/Pages/ManualdaPrimeiraMaratona.aspx

Muitos dos corredores que se aventuram nos circuitos de rua têm como objetivo o desafio de um dia completar uma maratona. Provas de 10 km, 15 km como a tradicional São Silvestre, e os 21 km que compõem uma meia maratona são os principais degraus a serem superados antes de se chegar o a grande meta, a primeira maratona.

Algumas coisas podem ajudar, como dicas de atletas mais experientes e a escolha de um percurso relativamente plano e com baixa umidade, mas, o principal mesmo é seguir à risca as planilhas de treinamento.

O ativo.com “recolheu” dicas preciosas para ajudar no sucesso de sua primeira maratona:

- O primeiro passo é a escolha da prova. Datas e locais, assim como a altimetria e o clima, devem ser os primeiros fatores a serem considerados. Escolha a data com bastante antecedência e se planeje para fazer provas com distâncias menores como treinos. 

- A escolha de um local onde a família e os amigos poderão torcer por você tambem são pontos relevantes a serem considerados.

- Uma vez devidamente preparado para a prova e depois de já decidido onde e quando será o desafio, a hora é de garantir sua inscrição e cuidar da parte logística, como passagens aéreas/terrestres, hospedagem e transalados, inclusive para a largada da prova, isto se a escolha for longe da sua cidade.

- O passo seguinte é escolher o material e a suplementação que serão utilizados no dia. Tênis, roupas, se vai usar boné/viseira, óculos escuros e se preparar para levar os gels e outros suplementos que serão consumidos no dia.

- Nunca deixe para estrear aquele tênis novo, ou tomar aquele gel que ainda não conhece neste dia. O importante é que você já esteja habituado com todo o equipamento, assim evitará surpresas desagradáveis .

- No caso de escolher uma prova em outro país, planeje-se para viajar e chegar pelo menos quatro dias antes , assim terá tempo suficiente para se recuperar das longas horas de voo e dará o tempo certo para seu organismo se acostumar com outro fuso horário.

- Se estiver em uma cidade ou país diferente, não faça passeios nos quais precise andar muito antes da prova. O momento é de descançar, se hidratar bem e comer somente aquilo que já está acostumado e que lhe foi recomendado pelo treinador. Aproveite para rever o percurso da prova na Internet, assim como os postos de hidratação, e mentalizar como será a sua prova.

- Procure deixar tudo pronto na véspera, número de peito afixado, gels e outros suplementos que serão consumidos já separados, chip preso ao tênis (no caso de ser entregue junto com o kit) e tudo mais que será utilizado no dia.

- No dia da prova, procure acordar com pelo menos três horas de antecedência, assim terá tempo suficiente para ir ao banheiro com calma, tomar café e chegar para a largada uma hora antes. Esta hora servirá para você se aclimatar com o evento, alongar e aquecer-se bem e se posicionar o mais na frente possível.

- Tocada a buzina, não deixe a emoção tomar conta e lembre-se que você terá 42 km pela frente, portanto calma, nada de olhar para os corredores ao lado e querer acompanhá-los. 

- Procure seguir às riscas as instruções passadas por seu treinador ou nutricionista a respeito da suplementação na hora da prova e da hidratação nos postos disponíveis.

- E se em algum determinado momento da prova o cansaço falar mais alto, respire fundo e pense em tudo aquilo que fez para chegar aonde chegou e se inspire para cruzar a linha de chegada no seu ritmo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Batalha de Maratona faz 2.500 anos

Segundo lenda, em 490 a.C um soldado correu 40 km até Atenas, para falar da vitória de gregos sobre o invasor
Domingo, cidade fará a maior maratona de sua história, celebrando o aniversário da batalha que deu origem à prova


Atenas realiza no próximo domingo, 31 de outubro, a maior maratona de sua história. Mais que um evento esportivo, é uma celebração dos 2.500 anos da batalha que marcou o início da derrocada do até então imbatível e conquistador Exército persa.

Em 490 antes de Cristo, na baía de Maratona, os gregos enfrentaram e derrotaram o invasor. Reza a lenda que um soldado foi designado para levar a boa-nova a Atenas. Correu os 40 km até a cidade, disse "Vencemos" e morreu.

Mais de 2.000 anos depois, os organizadores dos primeiros Jogos Olímpicos de nossa era resolveram criar uma prova homenageando o feito do mensageiro-mártir.

Por ideia do historiador e linguista francês Michel Bréal, a lenda de Fidípides (o nome do soldado, supostamente) seria lembrada com uma corrida de longa distância. Nascia a maratona, que integrou o programa da primeira Olimpíada moderna, em 1896, em Atenas.

Ela entrava também no imaginário esportivo, como prova de resistência, valor, heroísmo. Hoje, reúne multidões em todo o mundo -a maratona de Chicago, realizada no último dia 10, teve mais de 38 mil concluintes. Há um circuito internacional de grande maratonas, o World Marathon Majors (worldmarathonmajors.com), que funciona como um campeonato mundial e premia os vencedores com US$ 500 mil.

Acima de tudo, esse tipo de corrida se espalhou pelo mundo e, além de prática esportiva, virou motivo para milhares de viagens, com agências especializadas em levar corredores para provas em destinos turísticos, históricos ou aventureiros, da Grande Muralha da China às pirâmides do Egito ou à encosta do Kilimanjaro.

A maratona de Atenas (www.athensclassicmarathon.gr), no dia 31, atrai pelo seu peso histórico. O circuito supostamente reproduz o caminho que teria sido percorrido pelo lendário Fidípedes.

A prova de 42.195 metros começa em Maratona e passa por pontos históricos, como a Tumba de Maratona, onde estão restos dos 192 guerreiros de Atenas que morreram naquela batalha.

A chegada é no estádio Panathinaikos, construído em mármore sobre as ruínas da arena onde foram disputados os Jogos na Grécia Antiga. Ele foi o palco da primeira Olimpíada da era moderna e também ponto final da maratona de 2004, quando o brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima conquistou o bronze depois de ser parado por um padre irlandês quando liderava a corrida com boa folga sobre o segundo colocado.

Nos próximos dias, Atenas vai respirar maratona. Além da corrida, que vai reunir mais de 20 mil pessoas (há 12.500 inscritos na maratona, e o evento inclui provas de 10 km e 5 km), está programado um show multimídia sobre a história da corrida e da batalha da maratona.

A cidade de Maratona, por sua vez, também vem aproveitando o aniversário. Ela é sede, desde 2004, do Museu da Maratona, que tem uma exposição permanente dedicada à maratona olímpica (www.marathon.gr/en/article.php?aid=80&catid=36&subid=0).

Também se orgulha do Museu Arqueológico da Maratona, este dedicado à batalha, que fica nos arredores da cidade (www.marathon.gr/en/article.php?aid=107&catid=58&subid=79).

Maratona compartilha a comemoração com cidades-irmãs. Levou a Tocha da Maratona para Xiamen, na China, que participa das homenagens aos 2.500 anos da batalha. No mesmo dia da prova de Atenas, a tocha estará também em Washington, nas cerimônias da Marine Corps Marathon, uma das mais concorridas e festivas provas do gênero no planeta (www.marinemarathon.com).

No mês passado, a festa foi na belíssima maratona de Toronto (www.torontowaterfront marathon.com/en/mara thonflame.htm).

Quem quiser comemorar a efeméride participando de uma prova que faça parte do circuito, ainda há tempo.

O site Marathon 2010 (www.marathon2010.org) lista uma série de eventos especialmente envolvidos na celebração; a maioria deles já foi realizada, mas há pelo menos duas provas que podem interessar ao corredor sedento por história e turismo: a da ponte de Penang (www.penangmarathon.gov.my/portal), na Malásia, que será realizada no mês que vem, e a de Xiamen (www.xmim.org/en), que está marcada para o início de janeiro.

sábado, 23 de outubro de 2010

Maratonista cria fórmula de carboidratos

Cálculo define a quantidade exata de calorias necessárias para completar uma prova
DA REUTERS

Maratonistas podem treinar meses para se preparar para a grande corrida e, mesmo assim, ter dificuldade para terminar o percurso, se as suas reservas de carboidrato acabarem muito rápido.

Uma nova fórmula, criada por um maratonista estudante de Harvard e do MIT (Massachusetts Institute of Technology) permite calcular exatamente quantas calorias de carboidratos são necessárias para percorrer os 42 km.

De acordo com Benjamin Rapoport, autor do estudo publicado na revista "PLoS Computational Biology", 40% dos maratonistas chegam ao seu limite durante a corrida. Queimam os carboidratos guardados no fígado e nos músculos da perna, o que os força a diminuir o ritmo, ao passo que o corpo começa a queimar gordura.

Segundo Rapoport, muitos corredores acreditam que isso é inevitável. "Isso não é verdade de jeito nenhum", diz ele, que já correu 18 maratonas. Seu melhor tempo foi de duas horas e 55 minutos, na prova de Boston.

Para fazer os cálculos, é preciso saber três coisas: o peso, o tempo que a pessoa quer fazer na maratona e a capacidade máxima de uso de oxigênio. "Essa é uma medida do condicionamento aeróbico", disse o estudante.

A capacidade aeróbica mede quanto oxigênio o corpo consegue transportar para os músculos e consumir durante uma atividade física.

Para ter esse número, é preciso fazer um teste de esteira. Mas dá para fazer uma estimativa disso dividindo a frequência cardíaca máxima pela frequência cardíaca em repouso e multiplicar por 15. Para saber qual é a frequência cardíaca máxima, o estudante recomenda subtrair a idade em anos de 220 batidas por minuto.

Ele construiu até um calculadora on-line que faz as contas para o atleta (http://endurancecalculator.com/).

Muitos corredores, diz Rapoport, usam suplementos de carboidratos durante a prova, em forma de gel ou bebidas, mas dá para carregar mais "combustível" nas pernas e no fígado, se a pessoa souber de quanto ela precisa.

Antes, os maratonistas precisavam fazer estimativas. Agora, dá para calcular os números com exatidão. "É meu presente para os colegas corredores", disse.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Por que terminar uma prova quando se sabe que vai ser o último?

Sou corredor de rua da assessoria esportiva Natal Runner há mais de 2 anos. Já corri algumas dezenas de provas oficiais de 5 e 10 km, além de duas meias maratonas. No entanto, passo por aqui hoje não pra falar do meu humilde currículo de corredor e sim de uma das experiências mais ricas de minha vida.
No dia 12 de setembro de 2010 corri a II Meia Maratona de Natal com o tempo de 2h51min, ficando na última colocação entre os homens. Aposto que você deve estar perguntando neste momento o que leva um corredor, com mais de dois anos de experiência e muito treino, a se vangloriar de ter terminado uma prova de atletismo de longa duração em último lugar. Afinal, que mérito há nisso? E a vergonha frente aos colegas de endorfina, família e treinador? E a cara de decepção – e muita vezes de pena – que as pessoas lhe recebem ao cruzar a linha de chegada, em último?
Pois bem. Não se desespere! Você não é um insensível. Muitas vezes me fazia estas perguntas quando via um corredor terminar uma prova nestas circunstâncias e eu ali, descansado e tranquilo. Ainda me perguntava o que levava um cara a acordar às 6h da manhã de um domingo pra terminar a prova cansado, dolorido e em último. É que, no auge da minha mais completa ignorância, não sabia que a corrida que ele corria era muito mais suscetível de aplausos que a minha ou até mesmo a do vencedor do dia. Impressionante que na corrida, assim como na vida, costumamos subestimar os que “chegam atrás” como se “chegar à frente” fosse a única ou mais importante meta de uma pessoa. Será que chegar em primeiro ou em último, na frente ou atrás, é de fato uma questão matemática onde o primeiro é melhor que o segundo, que é melhor que o terceiro...? Parece-me que não.
Por todo ano treinei focado na II Meia Maratona de Natal, a prova mais badalada do calendário da capital potiguar. Com quatro treinos semanais, buscava condicionamento e equilíbrio pra baixar meu melhor tempo, que era de 2h19min, na 9ª Meia Maratona de João Pessoa, no mês de agosto do corrente ano, prova que teve altimetria e clima muito mais severos que a meia daqui.
Acontece que na semana que antecedeu o “grande dia” minha vida deu um “duplo twist carpado”, daqueles que só Daiane dos Santos sabe dá, ou melhor, sabia. Minha vida pessoal e emocional foi duramente abalada, assim como, por consequência, minha saúde também. Fiquei sem chão. E como correr sem chão para pisar? E foram nestas circunstâncias que acordei no dia 12 de setembro de 2010.
Confesso que cheguei a pensar fortemente em desistir no dia anterior. Quem corre sabe que numa meia maratona a cabeça é tão importante quanto às pernas, de modo que uma não vive sem a outra, sob pena de uma delas sucumbir.
Recebi apoio dos amigos e de Walter Molina, meu treinador. Mas, veio da família, mais precisamente de minha mãe, o apelo inescusável: não desista, por favor. Cheguei à conclusão, inevitável conclusão, que teria que correr aquela prova, em respeito a meus amigos, treinador, família e, principalmente, a mim mesmo. Há momentos na vida que se você desistir de um objetivo - por menor que seja - você desistirá de uma série de outros objetivos, gerando uma “bola de neve” de desistências e abandonos. Uma verdadeira reação em cadeia. E isso era tudo que eu não precisava naquele momento da vida.
Impelido por uma “força estranha” (como se refere a canção de Roberto Carlos) comecei a correr, na companhia salvadora de dois amigos de asfalto, Eduardo e Clessius, cujas sombras foram meus guias nos seis primeiros quilômetros. Nesta parte da corrida confessei a eles a situação que vivia e a vontade de desistir já ali, no início. Antes que terminasse a primeira frase eles me interromperam e disseram: desistir nunca, você consegue.
Com aquelas palavras de incentivo consegui combustível mental para mais alguns quilômetros. Poucos quilômetros. O calor começou a apertar. As dores começaram a brotar das pernas na mesma velocidade em que o suor escorria pelo rosto. Tentava me distrair com a beleza incomparável de nossas praias, com a música que ouvia no MP3 e com lembranças de momentos bons da vida que insistia em tentar lembrar e não conseguia.
Foi na riqueza de diferenças entre os corredores que ali estavam que encontrei alguma distração pra engodar minha cabeça, que autoritariamente mandava que eu parasse. Impressionante como a corrida atrai pessoas tão diferentes. Ao tempo que estava ali, com meus 29 anos, quase morrendo, estavam também atletas com mais de 60 anos correndo como meninos. Obesos correndo como magros. Mulheres como homens. Neste momento lembrei da meia de João Pessoa, onde por volta do 12º km passou por mim um cara que corria com uma muleta.
Continuei correndo. Por volta do 14º Km o problema que era mais emocional ganhou a companhia desagradável dos problemas físicos. Comecei a sentir dores agudas na musculatura lombar, o que prejudicou minha postura, desencadeando uma série de outros problemas musculares. Foi então que para piorar começaram os problemas nutricionais, apesar de estar equipado com gel de carboidrato. Devido a semana anterior à prova, que fui acometido por uma infecção intestinal ferrenha, perdi muitos nutrientes e sais minerais, substâncias essenciais ao organismo numa prova de longa distância.
O reflexo disso se materializou por volta do 17º-18º km, onde tive uma série de câimbras que me levaram ao chão, porque minhas pernas simplesmente travaram. Foi quando encontrei a ajuda de um senhor (que imperdoavelmente não lembro o nome) muito conhecido pelos corredores de rua em Natal, com experiência de mais de trinta maratonas. Com a ajuda dele consegui atendimento na ambulância da Unimed e também uma água de coco bem gelada. Após alguns minutos de uma delicada massagem feita por uma delicada enfermeira (com todo respeito, belíssima por sinal) da Unimed, fiquei de pé.
Mais uns quinhentos metros de trote e outra crise de câimbras. Ao chão outra vez! Fui atendido novamente pela aquela bela enfermeira, que de defeito no corpo a única coisa que tinha era uma marca de vacina no braço. Salvou-me novamente!
Quando levantei foi que me dei conta que já era um dos últimos e que certamente seria o último, pois mal me mantinha em pé. Alguns passavam e me incentivavam. Outros, certamente desocupados, avacalhavam a situação deplorável que me encontrava, fazendo comentários do tipo: “ainda dá pra pegar o primeiro lugar seu mané...” ou “é melhor pegar um ônibus...se arrastando você não chega”. Interessante! Na corrida, como na vida, tem sempre aqueles que parasitam as dificuldades alheias, na maioria das vezes porque não têm competência ou coragem pra fazer melhor.
Minha mente que já estava um lixo ficou ainda pior. O corpo também. O liame que ligava a mente aos movimentos corporais não mais existia. Desistência foi a única palavra que me veio a mente. Não conseguia mais raciocinar. Diante desse dilema de parar ou não parar, de ir ou não a diante, lembrei de algumas palavras lidas há algum tempo na obra “A Maratona da Vida”, livro este que me fez começar a correr quarenta e oito horas depois que o li. Assim leciona William Douglas, autor do livro:
Enquanto eu não acreditei que poderia fazer, não fiz. A crença é que constrói o fato. A batalha definitiva é sempre na mente. Todo mundo conhece a parábola do besouro, que é absolutamente verdadeira: é um inseto que, pelas leis da aerodinâmica não conseguiria voar, mas como não tem a menor ideia disso, ele voa(...) você pode, se você acredita que pode
                      Naquele momento eu era o besouro, sem condições físicas, mentais e aerodinâmicas nenhuma de continuar. Tais palavras me renderam mais alguns metros de sobrevivência, mas a dor na lombar era insuportável e fazia com que esquecesse dos ensinamentos de William.
Foi então que me fiz a pergunta que intitula esta “conversa”: por que terminar uma prova quando se sabe que vai ser o último? Por que não parar e dizer que me contundi, como de fato tinha acontecido?
Faltavam cerca dois quilômetros. Parece pouco, e é, mas para quem estava naquela situação era uma maratona. A resposta começou a se desenhar. Foi então que lembrei de meus amigos – que certamente estariam esperando minha chegada, pelo menos alguns - e de minha família, mais precisamente de minha mãe, que tinha feito aquele pedido que citei no início das palavras soltas que ora escrevo. Tal pedido, temperado com as lembranças de todo sofrimento que ela já tinha passado na vida, me resgatou aquela “força estranha”, inexplicável, que precisava para continuar correndo. Estava sofrendo tanto para concluir a prova que tinha esquecido que minha irmã, meus sobrinhos, meus amigos, meu treinador e até algumas primas estavam esperando eu cruzar a linha de chegada. E que o maior de todos, Deus, estava vendo tudo. Incrível! Estava esquecendo da motivação que me fez competir. Quando não se domina a mente é assim, você esquece até mesmo das razões que o faz seguir em frente.
Quando dava o “gás” derradeiro, na última subida, fui surpreendido com os laranjinhas da Natal Runner, que por ordem de Walter vieram me resgatar. Parecia que o Corpo de Bombeiros tinha mudado a cor da farda para laranja. Lembro-me perfeitamente de Emanuel, Cláudio, Assis, Flávio, e tantos outros, que me guincharam até a linha de chegada. Até as atendentes da Unimed estavam esperando, provavelmente que eu desmoronasse outra vez. Não esqueço a cara de orgulho de minha mãe, quando viu que seu pedido foi atendido, mesmo eu chegando em último. Nem do som das palmas que recebi nos últimos metros. Tampouco da vitória que acabara de conquistar sobre meu maior inimigo, eu mesmo.
A corrida não cansa de me surpreender! No dia em que tive meu pior rendimento numa prova foi o dia que fui mais reconhecido.
Aprendi com tudo isso que a maior conquista de um homem é superar seus próprios obstáculos! Que correr é muito mais que chegar à frente de alguém. Que correr é não desistir jamais. Que correr é mais um exercício para a alma do que para o corpo. Que a corrida não é para os medíocres de vontade e fracos de coração.
                       Pois bem, acho que acabo de responder a pergunta que intitula este humilde texto.
                      Sou Carlos Othon Mendes de Oliveira, tenho 29 anos, e atualmente estou treinando para a Maratona de Paris, que se realizará em abril de 2011. E não vou desistir.

Carlos Othon Mendes de Oliveira, corredor de rua e, em breve, maratonista. E-mail: c.othon@hotmial.com

sábado, 18 de setembro de 2010

Depoimento - II Meia Maratona de Natal

Olá corredores,

Sou um corredor semi-amador

O início ...
Igual a todo mundo que não tem mais 15 anos faz tempo, comecei a caminhar para perder peso, quando tinha 98 kg, então fiz minha primeira corrida durante as caminhada, corri de um poste à outro e quase não consigo.

A primeira...
A 10k Natal 2009 foi minha primeira corrida, me inscrevi nos 10km, mesmo só conseguindo correr 5km. Resultado, não tive coragem de dar a segunda volta, foi a única prova que não conclui, fiquei com vergonha de chegar em último, mas hoje sou um corredor totalmente sem vergonha.

O vício...
Com essa corrida, ganhei MINHA PRIMEIRA MEDALHA NA VIDA, claro, foi participação, e daí? Acho que só não participei de uma ou duas corridas em Natal desde essa data. Essas corridas me motivam a treinar, alguns amigos meus falam que vão começar a correr quando estiverem em forma, eu digo, que corro para isso. Com isso cheguei aos 88 km, mas como não existiram corrida aqui em Natal nos meses de Janeiro e Fevereiro, fiquei com 94 kg no final de fevereiro.

Enfim, os 21 km ...
Cerca de um mês antes da meia maratona, decidi correr os 21k, e daí que eu só corro 10k, e daí que não tenho velocidade nem resistência, isso pra mim era um detalhe.

Fui treinar e corri 26km em 2h e 48m.

Comecei a fazer treinos com tiros.

Meu tênis é bom, mas nem tanto, não tenho personal, não tenho tempo disponível, não tenho nutricionista, não tenho porte físico de corredor (isso até minha mãe sabe), não tenho medidor de batimentos cardíacos, não tenho medidor de distância/velocidade, nunca tive coragem de investir nisso. Mas tenho MUUUUITA FORÇA DE VONTADE, SAIR PRA CORRER NA CHUVA ÀS 5h DA MANHÃ NÃO É PRA QUALQUER UM, OU CHEGAR DO TRABALHO AS 21, APÓS TRABALHAR 14 HORAS SEGUIDAS, E IR CORRER DAS 22H AS 23H.

Comecei a correr a menos de um ano, no final de setembro de 2009. Fiz 5km, 10 km e hoje fiz 21km em 2 horas e 19 minutos. Nem Charles Darwin explica tamanha evolução.

O pior pesadelo ...
Sem duvida, meu pior pesadelo é SEU GERALDINHO, um senhor de 69 anos que não só ganha de mim, mas também ganha fácil de mim. Perdi pra ele nos 5k, 10k e agora 21k. Todo mundo tem um sonho de comprar um iate e fazer um cruzeiro na Europa, eu não, eu só quero ganhar de Seu Geraldinho pelo menos uma vez. Pelos meus cálculos, daqui a 30 anos, quando ele tiver 100 e eu 62 eu terei chance de empatar com ele.

Deixando a brincadeira de lado, ele é um homem que eu admiro demais, minha maior vitoria é chegar a idade dele com tanta saúde. Toda corrida tiro uma foto com ele, ofereço R$ 100,00 pra ele me deixar passar a frente, mas ele se recusa, infelizmente.

Humberto, corredor de rua e meio maratonista.(jhumbertoes@hotmail.com)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Corrida bilionária

Disputa de rua é a segunda modalidade mais popular do país, atrás só do futebol, e alimenta um mercado que já movimenta R$ 3 bi ao ano

Com 4,5 milhões de praticantes e o título de segundo esporte mais popular do Brasil, as corridas de rua, além de atrair mais adeptos todos os anos, estão chamando a atenção por aquecer setores da economia além daqueles ligados à modalidade.

Cada prova de rua -são cerca de 80 só em São Paulo neste ano- movimenta entre R$ 1,44 milhão e R$ 6 milhões, dependendo do total de participantes, segundo a Corpore, órgão sem fins lucrativos e que serve como porta-voz do setor.

A Maratona Internacional de São Paulo, por exemplo, principal prova do país, atraiu cerca de 20 mil pessoas em maio.

Do total arrecadado na corrida, 70% fica na cidade-sede do evento. Esse valor é ligado à hospedagem, à alimentação, ao transporte, ao lazer e às compras.

Sem considerar esses mercados agregados, a receita direta das corridas de rua chega a R$ 3 bilhões.

"É um setor em franco crescimento e que, além de atrair novos participantes, injeta recursos importantes na economia", diz Octavio Aronis, fundador e vice-presidente da Corpore.

MERCADO
Em média, por prova, cada atleta gasta R$ 518, sendo que 83% são desembolsados em itens de preparação, como tênis, roupas específicas e equipamentos, adquiridos em média três meses antes.

Levando em consideração os atletas que são de fora da cidade-sede da prova, o gasto sobe para R$ 1.054, sendo que 48% são gastos em itens esportivos, e 52%, em hospedagem e lazer.

Atualmente, São Paulo e Rio de Janeiro são os dois principais locais para a realização das provas, embora o número de corridas comece a crescer também em cidades do Nordeste, como Fortaleza, Salvador e Recife.

O impacto econômico, porém, não se restringe ao Brasil. Segundo a Folha apurou, pelo menos 5% dos corredores amadores já realizaram provas fora do país.

É o caso de Iberê de Castro Dias, 33, juiz paulistano que corre desde 2005 e parte para a sua sexta maratona no mês que vem, em Chicago.

Entre seus destinos, já estiveram Itália, França, Turquia e também as maiores provas dos EUA: Nova York e Boston. "Correr hoje é o lazer que permite confrontar os meus próprios limites", diz.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

Passadas solidárias

Por RODOLFO LUCENA - rodolfo.lucena@grupofolha.com.br
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq3108201010.htm


DESDE QUE comentei no blog "+ Corrida" sobre a lesão que vem me atazanando a vida, impedindo que eu prossiga minhas corridas em paz, venho recebendo um sem-número de mensagens de leitores e amigos. São dicas de tratamento, exemplos de superação, informações sobre casos parecidos ou simples palavras de apoio: vai que dá.

Além de emocionarem, essas mensagens me fizeram rever a vida corrida, relembrar os tempos de trilhas e asfalto e perceber, de forma cristalina, quão grande é o espírito de companheirismo que grassa entre os corredores, que a cada passo dão exemplo de solidariedade -ação cada vez mais rara na nossa vida ultracompetitiva, estressada, violenta até.

Começa por coisas simples, como um tênis desamarrado. É só alguém ver, durante a prova, um cadarço esvoaçante, que a balbúrdia se instaura. Um grita ao lado, outro avisa, até que o incauto perceba o risco que corre.

E não é pequeno. Um tropicão pode redundar em ossos partidos. Se a prova estiver muito concorrida, a queda de um pode levar outros de roldão, e aí vira uma caca geral. Em provas mais longas, é comum dividir mantimentos.

Um copinho de água na hora do sol é uma bênção, um sachê de carboidrato revigora as energias, uma palavra de incentivo pode ser a diferença entre se arrastar e parar ou trotar até o final. Todos temos histórias assim para contar, de encontros benfazejos em momentos difíceis.

De olho nessa característica, muitas entidades pedem ajuda a corredores para divulgar causas humanitárias.

No próximo domingo, haverá, em São Paulo, uma prova para arrecadar fundos para um hospital que trata pessoas com câncer; em outubro, o Brasil recebe pela primeira vez uma etapa da Race for the Cure (corrida pela cura), pela conscientização sobre o câncer de mama.

Há corrida e caminhada contra o tabagismo, outra pela doação de órgãos e até uma prova pela inclusão social (confira no blog os sites de algumas iniciativas).

E há empreendimentos solitários, como os de alguns ultramaratonistas. Carlos Dias, corredor de longas distâncias, inicia em setembro uma jornada pelo perímetro do Brasil. Pretende correr 18.250 km em um ano, vendendo quilômetros para arrecadar fundos para o Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

Enfim, cada um faz a sua parte. E segue a vida, com passadas solidárias. Elas fazem bem a todos.

RODOLFO LUCENA, 53, é editor do caderno Tec e do blog +Corrida (maiscorrida.folha.com.br), ultramaratonista e autor de "Maratonando, Desafios e Descobertas nos Cinco Continentes" (Record)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sedentarismo é epidemia, dizem especialistas

Médicos e profissionais do esporte defendem a criação de mais espaços para a prática orientada de atividades físicas
Por Bruno Folli
http://delas.ig.com.br/bemestar/sedentarismo+e+epidemia+dizem+especialistas/n1237743901249.html

Pelo menos 60% da população brasileira pratica exercícios em quantidade insuficiente, estima Maria Eugênia Bresolin Pinto, especialista em saúde pública da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Dados recentes do Ministério da Saúde mostram que o número de sedentários está aumentando. Ele passou de 13,2% da população em 2003, para 16,4% em 2009, provavelmente pelo aumento da presença das mulheres no mercado de trabalho.

“O sedentarismo é uma epidemia mundial e está associada a diversas doenças graves, como infarto, câncer, depressão, hipertensão e diabetes”, afirma Maria Eugênia.

Isso causa um prejuízo alto aos cofres públicos, de acordo com apresentação da especialista no 22º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e Esporte, em Curitiba (PR). O evento aconteceu na última semana, entre os dias 5 e 7.

“O sedentário europeu gera um gasto médio de 13 mil euros por ano, enquanto apenas 800 euros são destinados ao incentivo de exercícios”, compara a médica. No Canadá, o sedentarismo provoca 21 mil mortes precoces por ano. Mas e o Brasil, onde se encontra neste ranking?

“Não há como saber ainda porque faltam pesquisas nessa área”, diz a especialista. Mesmo assim, ela sugere que o incentivo à atividade física por ser feito com estratégias simples e baratas.

Uma experiência de três meses acompanhada pela especialista revela que os médicos do Programa Saúde da Família (PSF) podem aumentar a adesão aos exercícios. “Se cada médico dedicar cerca de dois minutos para falar sobre a importância da atividade física, metade dos pacientes muda de atitude e passa a praticar mais”, afirma.

Relação viciada
O problema, afirma Bruno Noronha, especialista em medicina do esporte, é a perpetuação da relação "viciada" entre pacientes e médicos. “O paciente vai buscar novas receitas de remédios com o médico, que simplesmente os prescreve sem verificar se realmente há necessidade de usá-los”, afirma.

Noronha realizou um trabalho recente na Amazônia, onde visitou mais de 100 municípios para acompanhar o trabalho dos médicos do SUS. “Ninguém recomenda exercícios, há uma cultura de valorização dos medicamentos. Vi inúmeros pacientes que diziam ter diagnóstico de hipertensão, mas poderiam resolver o problema com um pouco mais de atividade física”, afirma.

O médico explica que é preciso criatividade para motivar os pacientes. “Criava brincadeiras para explicar o que é uma alimentação saudável e para que servem os exercícios”, recorda.

Além do primeiro contato, é preciso acompanhar o paciente para mantê-lo incentivado à prática esportiva.
“Ligamos para o paciente a cada três meses”, afirma o reumatologista Páblius Staderto, especialista em medicina do esporte do Hospital Nove de Julho.

Staderto realiza um trabalho de incentivo ao exercício em empresas e explica que o acompanhamento é como nos trabalhos de combate ao tabagismo. “Um simples contato, por mais breve que seja, já tem uma importância enorme ao paciente. Faz com que ele se sinta incentivado, com a presença de alguém por perto”, afirma o médico.

Além da mudança de postura dos médicos e profissionais de saúde, que precisam passar a prescrever mais exercícios, Maria Eugênia destaca a importância de investimentos em centros comunitários. “O médico precisa ter um espaço para encaminhar o paciente, onde ele possa realizar exercícios supervisionados”, afirma.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Roupa esportiva promete reduzir fadiga

Por RODRIGO GERHARDT

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2408201005.htm

Cada vez mais justa, moda esportiva feita com tecidos que comprimem os músculos promete reduzir a fadiga e acelerar a recuperação pós-treino

As roupas de compressão voltam à cena. Depois de seduzir atletas com a controversa promessa de aumentar o rendimento no esporte, elas caíram novamente no gosto de esportistas profissionais e amadores.

Peças em tecidos elásticos, que ficam praticamente coladas ao corpo, ressurgem associadas a outros benefícios: o de reduzir a fadiga depois da atividade física e o de acelerar a recuperação da musculatura nos momentos de descanso.

O mercado tem meias, polainas, leggings, bermudas, camisetas, tops e macacões em tecidos especiais.

Agora é moda, mas o princípio é antigo. São roupas desenvolvidas a partir do conceito daquelas meias de compressão medicinais para varizes, que atuam sobre o sistema circulatório periférico, aumentando o retorno do sangue venoso e promovendo uma maior oxigenação celular nos músculos.

A influência das roupas compressivas no desempenho esportivo começou a ser estudada em bermudas, e entre os jogadores de vôlei, basquete e futebol. Logo depois vieram polainas, leggings e macacões para atletas de endurance, como triatletas, ciclistas e corredores. Agora, já estão circulando nas academias.

Após uma sessão de exercício intenso, sempre vem aquele desconforto que os especialistas chamam de dor muscular tardia, porque se manifesta de 24 a 48 horas depois da atividade.

Esse desconforto é um sintoma dos microtraumas causados nas fibras musculares que foram trabalhadas no exercício físico.

Pois o que essas vestimentas fazem é colocar ainda mais pressão sobre o corpo enquanto ele se movimenta, com a promessa de aliviar a dor muscular que virá depois e apressar a recuperação.

"Noventa por cento dos ciclistas do Tour de France já adotam essas roupas. No triatlo, o uso também é cada vez mais frequente", diz o triatleta Ricardo Hirsch, também diretor técnico da assessoria esportiva Personal Life.

O próprio Hirsch tem uma meia compressiva, importada: "Suo para colocar, mas depois passo o dia inteiro com ela sob a calça e nem percebo. Sinto uma melhora na fadiga", afirma.

MAIS SUSTENTAÇÃO
Um estudo que avaliou esse efeito foi feito pelo Cemafe (Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte), ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a pedido da Santaconstancia - empresa brasileira de desenvolvimento de tecnologia têxtil, que está investindo nesse filão.

"Durante a atividade física, a compressão dá maior sustentação à musculatura, o que reduz a sua vibração, preservando mais as fibras dos microtraumas", explica o fisiologista do esporte Turíbio Leite de Barros, que coordenou o estudo.

Para conseguir esse efeito, a recomendação é, depois de uma hora de intervalo do exercício, o uso contínuo da peça de roupa por seis a oito horas por dia.

"A compressão ajuda a conter um tipo de edema que se forma na musculatura em função do processo inflamatório, diminuindo assim o desconforto pela maior circulação sanguínea na região. A compressão reduz o diâmetro das veias superficiais, aumentando o fluxo", afirma o fisiologista.

Para chegar a essa conclusão descrita por Turíbio Barros, o estudo monitorou, em cinco ciclistas vestindo bermudas compressivas, a concentração de creatina-quinase (CK) - enzima decorrente do processo inflamatório, que funciona como um marcador da fadiga muscular.

Os ciclistas foram levados à exaustão em 30 minutos.

Nos testes de sangue realizados 24 horas, 48 horas e 72 horas depois da atividade, verificou-se uma redução de 26% na concentração de CK.

APENAS PERCEPÇÃO
Alguns desses novos produtos apregoam uma capacidade de prevenir ou diminuir as cãibras, mas isso é mais que improvável: não é verdade. "As cãibras têm origem metabólica, muitas vezes são causadas pela desidratação", afirma o fisiologista.

A compressão parece ser mais eficaz em atividades de longa duração. "Corri 24 km com o macacão e, no dia seguinte, não tinha dor na panturrilha", testemunha o triatleta Marcelo Butenas.

Sua assessoria esportiva, voltada para a praticantes amadores que buscam alta performace, é patrocinada pela marca Speedo, que fornece aos 300 alunos os macacões de compressão.

"Da experiência desses usuários, coletamos as informações para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das roupas", informa o diretor da marca, Renato Hacker.

Apesar da constatação de alguns benefícios da compressão e do aumento do mercado dessas roupas, os parâmetros para seu uso ainda são pouco claros.

Não há, por exemplo, um padrão entre as marcas ou a definição sobre qual o nível mais adequado de pressão para cada caso ou região do corpo. A escolha e o uso das roupas supostamente terapêuticas ainda são baseados na percepção de quem as veste. Pura subjetividade.

Uma dificuldade é a variação nas medidas corporais de cada pessoa, como a circunferência da perna, por exemplo. Quem tem uma coxa mais grossa sofrerá uma compressão maior.

"Uma tendência para breve da indústria de vestuário esportivo é uma oferta mais ampla de tamanhos e formatos, para se aproximar mais da realidade de cada usuário", afirma o consultor e engenheiro têxtil da Santaconstancia José Favilla.

SÓ PRESSÃO
Nos tecidos, a medida de pressão é feita em milímetros de mercúrio (mmHg). "Até 20 mmHg, a compressão é considerada terapêutica e não precisa ser informada nos produtos, diferentemente do caso das meias medicinais, que chegam a 40 mm Hg", informa Favilla.

As peças esportivas fabricadas no Brasil são de baixa compressão: situam-se na faixa que varia de 6 mmHg a 15 mmHg.

"Não há interesse em produzir roupas mais fortes por uma questão estética. Os moldes são menores, elas marcam muito no corpo, fica feio. Em função disso, não há restrição ou risco de segurança no uso dessas roupas para os consumidores", afirma o engenheiro têxtil.

Muitos esportistas brasileiros, no entanto, trazem do exterior peças com nível de compressão bem mais alto -isso quando não usam as próprias meias medicinais.

No mercado, também já há uma oferta maior de roupas de compressão importadas, como as da marca americana CX-W, que têm nível de compressão de 20 mmHg.

A nutricionista Luciana Bruno, 37, trouxe um par de meias compressivas dos EUA, depois de ver uma amiga usando. Comprou para experimentar nos seus treinos longos, mas diz que nem sabe o nível da pressão.

"A meia não mudou em nada o meu rendimento, mas sinto menos dor, ficou mais gostoso treinar", afirma.

O doutor em cirurgia vascular pela USP Guilherme Yasbek diz que uma pressão acima de 30 mmHg só é indicada para quem tem problemas circulatórios. "O excesso de pressão tem o efeito de um garrote e pode causar prejuízos para a recuperação, ao invés de benefícios", diz.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Correr em grupo: sete motivos para começar já

Por Fernando Menezes

Não é novidade que a corrida é um eficiente meio de deixar o corpo saudável. Além de favorecer a queima de gorduras, uma corrida leve que dure 40 minutos protege as articulações de lesões, tonifica músculos e deixa o coração mais forte. Os benefícios da corrida ainda podem ser multiplicados se ela for praticada em grupo.

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Oxford , no Reino Unido, doses maiores de endorfina, o hormônio que dá a sensação de bem-estar, são liberadas pelo nosso corpo quando malhamos ou corremos em conjunto com outras pessoas. "Quando fazemos atividades em grupo, temos um sentimento de carinho, cuidado, afeto e amizade. Esses sentimentos criam uma relação de proteção, capaz de fazer a pessoa relaxar e curtir o momento mais do que se ela fizesse isso sozinha", explica a psicóloga clínica Rita Romaro.

Além disso, a atividade é especialmente divertida quando é praticada em grupo porque, ao contrário da maioria dos esportes, ela não tem número máximo de participantes e é feita ao ar livre. "Para fazer parte de um grupo de corrida, só é preciso ter vontade de correr", diz o preparador físico Edson Ramalho, mestrando em ortopedia na Universidade de Campinas.

1. É mais fácil começar
Muitas pessoas querem ter hábitos mais saudáveis só que não conseguem sair de uma rotina sedentária sozinhas. Por isso, o incentivo de alguém é importante na hora de irem para a pista. "Isso é algo muito comum nos grupos de corrida que acompanho. A maioria dos integrantes começou com uma experiência incentivada por amigos", diz Edson. Normalmente, as pessoas são convidadas para correr um dia e acabam se divertindo tanto com os integrantes do grupo que têm vontade de voltar no dia seguinte para estreitar relações.

2.Fica difícil desistir
Fazer parte de um grupo protege o corredor de ficar desanimado. "Os elogios que normalmente são ditos durante uma atividade em grupo servem de estímulo para continuar e melhoram a autoestima", explica Rita Romaro. Por isso, quando um corredor está infeliz com os resultados do treino, os outros integrantes o ajudam a não desistir e a continuar tentando a alcançar o seu objetivo.

Além da força que os amigos dão, o empenho e os resultados dos outros corredores servem de exemplo para aqueles que estão desmotivados. "É normal que o desempenho de uma pessoa se sobressaia. O restante do grupo, quando vê o que essa pessoa consegue fazer, fica incentivado a alcançar os mesmos resultados que ela", diz Edson

3.Leva bronca se faltar
O treino se torna mais eficiente quando os corredores estão comprometidos a atingir as metas estipuladas pelo preparador físico. Uma das características mais fortes de um grupo de corrida é que as pessoas levam os treinos mais a sério do que aquelas que correm sozinhas. Quando marcam um dia da semana para correr, raramente elas faltam, ou a bronca vem em coro. "As pessoas ficam tão disciplinadas como atletas de alto nível, e deixam de dar desculpas para faltar aos treinos", afirma o preparador físico.

4.A vitória fica mais divertida
Conseguir alcançar uma meta estipulada traz um sentimento de superação. Esse efeito é ainda maior quando um bom resultado é alcançado em grupo. "As pessoas olham para traz e percebem todo o esforço que fizeram juntos para conseguir alcançar o objetivo. Além disso, quando a meta é batida, sempre há uma comemoração, uma festa, o que não acontece quando você treina sozinho", diz Edson Ramalho.

5.Pode unir a família
A corrida em grupo pode ser um meio de estreitar as relações familiares. "Hoje em dia é muito comum que pais e filhos não tenham muito tempo para ficar juntos, e é difícil encontrar uma atividade que possa ser feita por todas as idades e agradar todos os gostos. Por isso, muitas famílias formam pequenos grupos de corrida para fazer uma atividade conjunta", conta o preparador físico.

6.Aumenta o círculo social
Mesmo que você não tenha conhecidos que gostem de correr, fazer parte de um grupo de corrida pode melhorar o seu convívio social. "Apesar de a corrida ser um esporte que precisa de disciplina, ela é muito acessível e não precisa de muito tempo nem dinheiro para ser praticada. Por isso, é fácil ver pessoas que se conhecem em um grupo de corrida se tornarem amigas, mesmo só tendo em comum o gosto por esse esporte", diz Edson.

7.Melhora o desempenho profissional
As relações criadas em ambientes profissionais normalmente são mais superficiais devido às conversas desse círculo ficarem restritas a problemas de trabalho. "As pessoas que conhecemos no trabalho parecem outras quando as vemos fazendo atividades mais leves e divertidas", diz a psicóloga Rita Romaro.

De acordo com Edson Ramalho, cada vez mais as empresas estimulam os funcionários a correr em grupo. Esta medida simples melhora a comunicação no escritório, aumenta a intimidade e faz com que cada um dos profissionais tenha um melhor rendimento no trabalho, já que os seus funcionários ficam saudáveis e com mais disposição

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Hora de correr

Boa noite!

O objetivo é apresentar um novo projeto que estou desenvolvendo, é o www.horadecorrer.com. Um portal totalmente voltado para esportes como Corrida de Rua, Maratonas, Corrida de Aventura, Ciclismo, Triathlon, entre outros.

Sua principal finalidade é realização de coberturas fotográfica e de vídeo, captando os melhores momentos dos atletas em provas outdoor e disponibilizando o material para compra via web, pelo próprio atleta. Além de dicas e notícias relacionadas ao esporte, feitas por especialistas.

O horadecorrer.com também é um espaço para anunciantes e lá você vai encontrar os melhores locais de treino, os melhores especialistas, suplementos, materiais esportivos...

O lançamento do portal está previsto para 01 de Setembro e nossa primeira cobertura fotográfica será na II Meia Maratona de Natal (http://tribunadonorte.com.br/maratona), dia 12/09/10.

Você já pode acessar o www.horadecorrer.com e se cadastrar para receber nossa newsletter. Siga-nos no twitter: www.twitter.com/horadecorrer.

Esporte, saúde e Qualidade de Vida... nunca é demais!

Obrigado,
Nivaldo Pereira
contato@horadecorrer.com
(84) 9186-8260
www.twitter.com/NivaldoPSilva

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Exercícios reduzem o uso de remédios

Por GABRIELA CUPANI

Idosas que se exercitam de maneira regular consomem, em média, 34% menos remédios do que as sedentárias.

O dado, de uma nova pesquisa da Unifesp, reforça um conceito que vem somando evidências: o de que exercícios podem atuar como medicamentos, tanto prevenindo algumas doenças quanto ajudando no tratamento de outras. E, como os remédios, precisam de prescrição.

O assunto também foi um dos destaques do 22º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte, que aconteceu em Curitiba, na semana passada.

O estudo feito pela Unifesp, em parceria com o Celafiscs (Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), acompanhou 271 mulheres com mais de 60 anos, muitas delas com doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

Foram consideradas ativas aquelas que praticavam mais de 150 minutos de atividade física por semana. As consideradas sedentárias não faziam mais de dez minutos de esforço.

"O estudo mostra que a atividade física pode estar fazendo um pouco o papel dos remédios", diz o educador físico Leonardo José da Silva, um dos autores da pesquisa. Pesquisas mostram que um idoso com doenças crônicas consome entre quatro e cinco remédios por dia.

"O sedentário tem cinco vezes mais chance de ter hipertensão arterial, por exemplo", diz José Kawazoe Lazzoli, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte.

"Sabe-se que pessoas fisicamente ativas têm menos risco de doenças do coração como insuficiência cardíaca, além de diabetes e doenças respiratórias", completa.

Estudos mostram que, quando a pessoa já tem uma doença crônica, os exercícios podem atuar no controle, diminuindo a progressão da doença e o uso de remédios.