quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

São Silvestre coroa Clube do Bolinha das ruas no Brasil

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk3112200904.htm
Mesmo com mudança no horário, participação feminina deverá ficar em 15%, contra até 45% em corridas nos EUA

Especialistas apontam falta de estrutura para mulheres na famosa prova paulistana; eventos na cidade começam a dar atenção especial a elas

MARIANA LAJOLO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Brasil, corrida de rua ainda não é coisa de mulher.
A São Silvestre é só mais uma prova disso. Apesar de um leve aumento na participação feminina depois da unificação dos horários das provas amadoras dos dois sexos, as mulheres devem responder por cerca de apenas 15% dos 20 mil competidores que irão largar hoje na tradicional prova paulistana.
Em outras competições importantes do atletismo de rua nacional, a participação feminina é ainda mais inexpressiva.
Na última Maratona de São Paulo, por exemplo, só 9% dos competidores que completaram a corrida eram mulheres.
Números que ficam bem abaixo dos de outros países. Nas três mais importantes maratonas dos EUA (Boston, Chicago e Nova York), a presença feminina varia de 37% a 45%.
Em São Paulo, houve maioria feminina só em uma prova organizada pelo shopping Iguatemi, com inscrição a R$ 180.
Para Nelson Evêncio, técnico de atletismo, existem explicações para a baixa participação feminina nas provas de rua.
"Mesmo nos treinos, os grupos têm menos mulheres, geralmente 30%. Antes, a São Silvestre não era muito procurada por elas por causa do horário [competiam sob um sol escaldante]. Agora, é porque a prova é muito cheia, elas ficam espremidas, precisam usar o mesmo banheiro que os homens, são atropeladas", diz Evêncio.
O técnico sugere a criação de área de aquecimento e banheiros exclusivos para aumentar o número de mulheres na prova.
Isso já aparece em outras corridas pela cidade, em que é possível encontrar espaços separados para corredoras com sanitários, guarda-volumes e, em alguns casos, até massagem.
Márcia Shiraishi, 47, correu a São Silvestre duas vezes. Agora, entretanto, não quer mais saber da corrida. "O horário era muito ruim, o clima estava muito quente, e agora, com todo mundo junto, temo a bagunça da largada", diz a corredora.
"A estrutura também não é como a de outras provas", afirma ela, que pretende correr a Maratona de Roma em 2010.
José Rubens D'Elia, fisiologista especializado em corrida, dá dica para as mulheres se adaptarem à São Silvestre.
"Em qualquer lugar do mundo, as grandes provas de rua têm pelotões gigantes. Quem tem mais experiência aprende a melhor forma de largar, mas, para quem não tem, eu aconselho chegar três horas antes e procurar um local confortável."
"Quem tem mais sensibilidade pode largar no final. Você vai demorar quase um quilômetro para começar a correr, mas fica mais tranquilo", conclui D'Elia.

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