segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Depoimento - Meia Maratona de Natal

Em fins de dezembro de 2008 fiz minha primeira corrida de rua, a corrida natalina. Naquele tempo, 11 meses atrás, eu me perguntava se conseguiria terminar uma corrida de 10Km...

Nestas últimas semanas me vi me perguntando se seria capaz de concluir os 21Km de uma meia maratona. Meu horizonte pessoal dobrou de profundidade em menos de um ano.

O que aconteceu entre dezembro de 2008 e novembro de 2009 foi que eu continuei correndo. Participei de meia dúzia de outras corridas, de distâncias diversas. Ganhei mais auto-confiança. Mas uma meia maratona não é apenas mais uma corrida. Seria a corrida mais longa de
minha curta carreira de corredor de rua.

Minha estratégia foi experimentar aumentar em 10 minutos a cada semana o tempo do meu treino de longa distância, que passei a fazer nos finais de semana. Queria sentir o meu limite. Um destes finais de semana coincidiu com os 10Km da corrida Bompreço. Naquela altura
corri os 10Km e depos de cruzar a linha de chegada voltei para a pista, aproveitando a interdição da via Costeira para mais meia hora correndo. Ao cruzar a linha de chegada pela segunda vez fui
surpreendido por palmas e gritos de incentivo enquanto o locutor saudava o "corredor que chegou em último lugar mas que não desistiu". Demorei alguns minutos até entender que se referiam a mim por não terem percebido que eu já tinha terminado a prova meia hora antes... :-)
Faltando 3 semanas para a meia maratona eu tinha conseguido completar 18Km em 2:14h. Foi só a partir daí que comecei a acreditar ser para mim possível terminar uma meia. Mas, naquele ritmo, precisaria de perto de 3h para isto.

No domingo seguinte fiz os mesmos 18Km em 2:05h. E já comecei a cogitar de tentar fazer os 21Km em 2,5h. Curioso como a gente passa a acreditar mais em si mesmo com coisas tão pequenas quanto 9 minutos a menos.

No fim de semana anterior ao da meia maratona tivemos a corrida noturna do SESI. Comecei tendo como alvo concluir seus 10Km ao longo de toda a Prudente de Morais em menos de 1h. Não sei se foi o percurso, mais cheio de subidas e descidas, ou se foi a intranquilidade da falta de controle da organização sobre o trânsito de veículos, o fato foi que levei os mesmos 64 minutos que levei para fazer os 10Km da corrida natalina do ano passado.

E foi assim que cheguei à semana da meia maratona. Durante a semana fiz treinos curtos, de 5Km, um deles na orla do Cabo Branco, em João Pessoa, onde estive a trabalho. A avenida litorânea tem seu trânsito interditado a veículos motorizados entre 6h e 8h da manhã
diariamente. Uma ótima pista de treino no horário menos quente do dia. Isto foi na quarta-feira. Quinta, sexta e sábado apenas caminhei, procurando me guardar para o desafio do domingo.

Dormi mais cedo no sabado, acordei 5h de domingo, com o nascer do sol. Café da manhã normal, para não ficar "empanturrado". Pouco depois das 6:30h eu chegava ao estacionamento e, como aquecimento, procurei caminhar mais energicamente os quase 1Km até a concentração
para a largada.

Com quase 20 minutos de atraso foi dada a largada e eu ainda precisei de mais uns 2 minutos até conseguir pisar no tapete do controle eletrônico. Como disse um amigo ao meu lado "a meia maratona começou com uma meia caminhada". O bloco compacto de mil pessoas só começou a se descompactar a partir dos primeiros 100 metros após a largada. A pressa de sair do "bolo" me fez correr o primeiro quilômetro em menos de 6 minutos, velocidade superior à que eu sabia que suportaria manter. Já o segundo quilômetro eu caí para 6 minutos e do terceiro para frente mantive em 6,5 minutos por quilômetro até a virada da Costeira, antes do Sehrs. Estes 10,5 Km eu segui com fôlego, freqüência cardíaca em torno dos 80% da máxima e força nas pernas.

Mas a partir do Km 14 meu ritmo foi caindo. Não providenciei reposição de carboidrato, por pura falta de experiência com corridas longas. Eu sentia que tinha fôlego e que os batimentos cardíacos continuavam em 80% da FCM, mas as pernas não impulsionavam mais como antes. O terço final da corrida foi uma luta interna pessoal: o corpo dizia "pare" e minha mente precisava continuar focada no objetivo de concluir. A meta de 2,5h parecia estar ameaçada. Cada quilômetro
passou a ser a partir dali uma nova conquista. O cronômetro me dizia que a meta continuava atingível, mas as pernas... Meu ritmo, que já não era dos mais rápidos virou um trote de quase 8 min/Km. Cruzei a marca dos 20Km com pouco mais de 8min para completar 2:30h. E ainda
tinha o pequeno aclive do viaduto antes da chegada. Ali decidi que não ia entregar meu alvo por tão pouco: era possível atingir o alvo -- e eu estava determinado a atingir.

O chip marcou meu tempo líquido de corrida, entre pisar no tapete na largada e voltar a pisá-lo na chegada. Está lá na página de cronometragem da chiptiming: 02:30:42. A página mostra também que apenas 42 dos 398 corredores do sexo masculino levaram mais tempo do
que eu para correr a meia.

Mas alguém aí ainda duvida que todos nós vencemos esta corrida?

Wilson Azevedo, 49 anos de idade, 11 meses de corrida de rua.

Um comentário:

Roberto Saccon disse...

Parabens, isto e um tempo muito bom considerando que voce esta correndo por apenas 11 meses !